Sinais de desaceleração na economia brasileira ganham força, com impactos diretos na indústria

Fábrica de automóveis Caoa Chery no Brasil — Foto: Reprodução ...

Fábrica de automóveis Caoa Chery no Brasil — Foto: Reprodução
Fábrica de automóveis Caoa Chery no Brasil — Foto: Reprodução

A economia brasileira apresenta indícios cada vez mais evidentes de perda de ritmo, conforme revelado pelos dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu apenas 0,4% no segundo trimestre do ano em relação ao primeiro, um avanço modesto que representa uma desaceleração significativa frente ao 1,3% registrado nos três meses iniciais de 2025. Essa freada, impulsionada por fatores como juros elevados e retrações em investimentos e consumo governamental, ecoa nas análises de veículos como G1, Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo, que destacam o impacto no setor industrial e alertam para um cenário desafiador nos próximos meses.

De acordo com a análise econômica da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (FIEG), divulgada em 3 de setembro, o desempenho do PIB no segundo trimestre foi sustentado principalmente pelos serviços (alta de 0,6%) e pela indústria (0,5%), mas com ressalvas críticas. No setor industrial, o crescimento foi impulsionado exclusivamente pela indústria extrativa, que avançou mais de 5%, enquanto a indústria de transformação recuou 0,5% – o segundo declínio consecutivo. Essa dicotomia reflete uma vulnerabilidade estrutural, agravada pela queda de 0,2% na produção industrial entre junho e julho, marcando quatro meses seguidos sem expansão. No acumulado do ano até julho, a indústria avança apenas 1,1%, a menor taxa desde dezembro de 2023, sinalizando um arrefecimento que pode comprometer a recuperação pós-pandemia.

Pelo lado da demanda, os dados do IBGE apontam para retrações preocupantes: o consumo do governo caiu 0,6%, a primeira baixa em quase dois anos, e a formação bruta de capital fixo (investimentos) recuou 2,2%, interrompendo uma sequência de dez trimestres de alta. Em contrapartida, o consumo das famílias e a balança comercial contribuíram positivamente, mas não o suficiente para mascarar a tendência de desaceleração. O Ministério da Fazenda, em nota oficial, afirmou que essa moderação no ritmo de crescimento era esperada, atribuindo-a aos efeitos da política monetária restritiva, com a Selic em patamares elevados para conter a inflação. Projeções da pasta indicam um "carrego estatístico" de 2,3% para o PIB de 2025, mas com expectativa de crescimento ainda menor no terceiro trimestre.

Os principais veículos de comunicação do país corroboram essa visão, enfatizando os riscos para o segmento industrial. O Valor Econômico reportou que a produção industrial acumula uma queda de 1,5% nos últimos quatro meses, com economistas prevendo um "cenário desafiador" à frente, influenciado por fatores como a seca afetando a produção de energia e bens de capital. Já O Globo destacou que a indústria registra quedas consecutivas, ligando o fenômeno aos juros altos e à desaceleração geral da economia, com analistas apontando para uma "perda de tração" no PIB. A Folha de S.Paulo, por sua vez, analisou que o PIB da indústria já havia recuado no primeiro trimestre, com a produção abaixo dos níveis de 2013, e que a desaceleração atual é "necessária" para controlar a inflação, embora imponha custos ao emprego e à competitividade industrial.

No contexto internacional, a FIEG nota sinais mistos: na Europa, o PMI industrial voltou acima de 50 pontos após 32 meses, mas a estagnação persiste, com inflação sugerindo pausa nos cortes de juros pelo BCE. Na China, o PMI de serviços acelerou para 53,0 em agosto, impulsionado por demanda interna e externa. Esses elementos globais podem influenciar o Brasil, especialmente via balança comercial, cujo superávit de agosto é projetado em US$ 6 bilhões pela FIEG, em meio a déficits crescentes na conta corrente.

Especialistas consultados por O Estado de S. Paulo alertam que a indústria brasileira, já impactada por duas quedas seguidas na produção de bens de capital e duráveis, pode enfrentar maior pressão se o Federal Reserve dos EUA optar por uma flexibilização monetária gradual, afetando fluxos de capital para emergentes. O mercado de trabalho norte-americano, com dados como o payroll de agosto, será pivotal para calibrar essas expectativas.

Diante desse quadro, o Banco Central do Brasil monitora de perto o descompasso entre déficits em transações correntes e investimentos diretos estrangeiros, que tradicionalmente financiam o balanço de pagamentos. Embora riscos imediatos sejam moderados, a persistência da desaceleração pode exigir ajustes na política econômica, com impactos prolongados no setor industrial, que responde por cerca de 20% do PIB nacional.

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