Desdobramentos políticos impulsionam mercados

Presidente Donald Trump confirma que conversou com o Presidente...

Presidente Donald Trump confirma que conversou com o Presidente Lula da Silva pelo telefone. Foto: RS/Fotos Públicas
Presidente Donald Trump confirma que conversou com o Presidente Lula da Silva pelo telefone - Foto: RS via FP

Aprovação de Lula sobe e balança comercial resiste a tarifas americanas


Em um cenário de volatilidade global marcada pela reeleição de Donald Trump e suas políticas protecionistas, o Brasil registra sinais mistos de resiliência econômica. A aprovação ao governo Lula atingiu 48% em outubro, o melhor patamar desde janeiro, empatando com a desaprovação em 49%, segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira.

Esse avanço, puxado por eleitores de maior renda e católicos – especialmente aqueles com ganhos acima de cinco salários mínimos –, reflete vitórias políticas recentes, como a aprovação da isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil, que já impulsiona a percepção positiva sobre a economia entre faixas etárias de 35 a 59 anos. Analistas veem nessa recuperação um alívio para os mercados, com o Ibovespa registrando alta de 1,2% na abertura desta sessão, em meio a expectativas de maior estabilidade fiscal.

A boa nova política chega em hora oportuna para o segmento industrial brasileiro, que enfrenta ventos contrários das tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos nacionais. A balança comercial fechou setembro com superávit de US$ 2,99 bilhões, resultado acima das expectativas, mas 41% inferior ao do mesmo mês de 2024. As exportações cresceram 7,2%, totalizando US$ 30,5 bilhões, impulsionadas pela diversificação de parceiros – um movimento forçado pelas sobretaxas americanas de até 50% sobre itens como carne bovina e aço.

"Apesar da queda de 20,3% nas vendas para os EUA, o Brasil buscou novos mercados para a carne, mitigando o impacto", destaca André Galhardo, economista-chefe da Análise Econômica da FIEG, em relatório divulgado hoje. De fato, as exportações de carne bovina para os EUA caíram 41% em setembro, mas o volume total de embarques bateu recorde histórico, superando as barreiras tarifárias com maior eficiência logística, conforme reportado pelo Estadão.

Esse desempenho é determinante para a indústria de transformação, que representa 12% das exportações totais. A valorização do real frente ao dólar – cotado em R$ 5,45 na segunda-feira – barateou importações em 17,7%, beneficiando setores como o petroquímico com a chegada de uma plataforma de petróleo, mas pressionando margens de lucro de exportadores. O Valor Econômico alerta que o déficit comercial com os EUA quadruplicou no acumulado do ano, para US$ 5,2 bilhões, ampliando para US$ 1,77 bilhão só em setembro – um sinal de vulnerabilidade para a cadeia siderúrgica e agroindustrial. No entanto, a FIEG projeta que a estratégia de diversificação, incluindo acordos com Ásia e Oriente Médio, pode elevar o superávit anual para US$ 60,9 bilhões, superando estimativas iniciais de US$ 50,4 bilhões.

Politicamente, o breve encontro entre Lula e Trump na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, é visto como um divisor de águas. Para 49% dos que souberam do diálogo, ele fortalece a imagem do presidente brasileiro no exterior, potencializando negociações para rever as tarifas, segundo a Genial/Quaest. Empresários do setor cafeeiro e de carnes, como os do Conselho dos Exportadores de Café, já buscam interlocução direta com o governo americano, apostando em uma "melhora no cenário" pós-conversa, conforme noticiado pelo O Globo. "O tarifaço de Trump não é tão perigoso quanto se pensa para o Brasil", avalia o economista-chefe do Banco Mundial para a América Latina, em entrevista ao Valor, prevendo impacto menor que o esperado na economia doméstica.

Internamente, a inflação ao produtor (IGP-DI) avançou 0,36% em setembro, pressionada por commodities como café, milho e carne bovina – reflexo das tarifas que encarecem insumos globais. Já o IPC-S da FGV desacelerou para 0,63% na primeira semana de outubro, sinalizando alívio com a redução da bandeira tarifária de energia pela Aneel. 

A FIEG estima aceleração do IPCA em setembro para 0,55%, devido ao fim do bônus de Itaipu, mas projeções para outubro apontam moderação em 0,1%, reforçando chances de meta de 4,5% em 2025. Essa descompressão é vital para a indústria, que enfrenta juros altos – herança de uma política fiscal "suicida", nas palavras de Armínio Fraga, ex-presidente do BC, criticando isenções tributárias do governo.

No exterior, dados da Zona do Euro preocupam: vendas no varejo estáveis em +0,1% de julho para agosto, mas a produção industrial alemã despencou 4,3% em agosto, abaixo das expectativas de -1% – um mau presságio para exportadores brasileiros de máquinas e autopeças. Nos EUA, a ata do Fed, divulgada às 15h desta quarta, deve pavimentar cortes adicionais de juros em novembro e dezembro, apoiando um payroll estável em setembro (cerca de 0,5 mil vagas criadas, per modelos estatísticos), apesar do shutdown. Analistas do G1 destacam que a percepção de piora econômica caiu para 42% dos brasileiros, o menor nível em meses, graças a medidas como a reforma do IR, que pode adicionar 0,3% ao PIB em 2026 via consumo.

Para o setor industrial, representado pela FIEG, esses desdobramentos políticos sinalizam otimismo cauteloso. Com produção de veículos em foco na agenda de hoje (Anfavea, 10h), e rolagem de swaps cambiais pelo BC (US$ 2 bilhões), o foco é na estabilidade. "A recuperação de Lula distancia o risco-país, mas tarifas persistem como freio", resume Galhardo. Enquanto isso, o Banco Mundial mantém PIB em 2,4% para 2025, apostando em reformas fiscais. Os mercados, atentos à ata do Fed e à pesquisa Quaest sobre Lula (7h), apostam em um outubro de menor turbulência – desde que a diplomacia com Trump floresça.

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